segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Do Paraíso ao Inferno

Resolvi mudar um pouco. Passei no salão onde a Cristal costuma ir e pedi a Roberta para cortar o meu cabelo. Quem sabe um novo visual deixe minha luz ainda mais disposta a me aceitar em noivado?


A sim me pareceu muito competente e logo me pediu para sentar, sem aquela enrolação de esperar um pouquinho. Quando eu já estava sentado, me perguntou o que eu desejava. Gostei disso e pedi para aparar as pontas e quem sabe um visual mais moderno.


A Roberta atacou meu cabelo com a tesoura e rapidamente me vi encoberto por uma nuvem cor-de-rosa. Nem sei como ela consegue fazer alguma sem ver! Fiquei preocupado: e se ela cortasse minha orelha ou furasse o meu olho?


No final tudo deu certo. Ufa! Quando ela me mostrou o espelho mal pude acreditar no resultado final: ficou exatamente como eu queria. Aproximei-me do espelho grande para apreciar melhor o resultado: ficou demais! Minha luz vai amar!


Eu voltei para a República pensando em como propor noivado a Cristal e na noite maravilhosa que passamos juntos. Fiquei surpreso ao entrar.


Desta vez, o Brandão estava no maior amasso com a Manuela! Outro dia ele não estava com a Jade? Coitada, não dá sorte no amor...


Procurei o Olívio para conversar sobre o pedido de noivado. Afinal ele havia proposto à Acácia, perguntei se ele tinha feito algo especial.


Ele me contou que só conhece duas maneiras de propor uma sim: se ajoelhando aos pés dela, como ele fez com a Acácia, ou sentado ao lado da sim na mesa de jantar.


Será que não tinha uma melhor? Afinal as duas opções me pareceram extremas opostas: uma muito dramática e outra muito sem graça. Para o Olívio, se ajoelhar parecia mais com um sim apaixonado, já pedir sentado à mesa, coisa de sim que casa por dinheiro.


Lembrei de quando me declarei para a Cristal, eu me ajoelhei... Deve ser realmente coisa de sim apaixonado! Olívio me encarou por um tempo e só então falou:”você está diferente, fez alguma coisa...” Na mesma hora eu respondi: cortei o cabelo.


Resolvi procurar a Acácia para tirar minha dúvida. Ela estava voltando da aula e perguntei de supetão: você gostou de ver o Olívio ajoelhado aos seus pés para fazer a proposta de noivado?


A princípio ela riu da pergunta, mas quando percebeu minha preocupação respondeu: “gostar de vê-lo ajoelhado seria demais, mas gostei de saber que ele me amava tanto ao ponto de fazer isso para me pedir em noivado”. Em seguida comentou que gostou do meu corte novo.


Eu agradeci. Mas não aguentei e perguntei se ela teria preferido se estivessem sentados a uma mesa e ele lhe entregasse o anel.


Ela olhou séria para mim e perguntou onde eu estava querendo chegar com aquele papo. Então contei que pretendia pedir a Cristal em noivado naquela noite.


Surpresa com a minha decisão, ela disse: “Você vai ter que se ajoelhar sim, mas para pedir desculpas!” Não entendi nada. Desculpas? Por quê? Ontem quando dormimos, ela estava feliz, até murmurou eu te amo antes de apagar em meus braços. O que aconteceu esta manhã?


Acácia ficou ainda mais preocupada. Então me contou: “quando eu estava saindo da prova encontrei a Cristal no corredor, quase chorando. Perguntei o que aconteceu e confusa, ela soltou algumas pérolas sobre você não prestar e era uma pena a Rita não ter contado tudo para ela antes. Contado o que antes, Forte?”


Eu sabia! Não podia ter deixado de lado esta história com a Rita. Devia ter contado a minha versão antes de a louca aprontar. Então expliquei tudo para a Acácia, desde o encontro com a Rita até ela me agarrar lá no Grêmio.


A jovem sim, como confia em mim, deu crédito a minha história. Mesmo assim disse o quanto achava difícil a Cristal ouvir a minha versão dos fatos, pois estava muito abalada.


Fiquei completamente desesperado: O que eu ia fazer? Acácia percebendo meu atordoamento, me abraçou. Disse que tudo ia acabar bem. Eu precisava acreditar nisso, senão ia pirar.


Para passar o tempo, comecei meu relatório do semestre. Porém não saía da primeira página. Resolvi navegar na internet até a hora da Cristal voltar da prova. Precisava conversar com ela e dar minha versão dos fatos.


Quando estava saindo, eu só enxerguei uma nuvem de poeira na entrada da República. Os dois malucos fantasiados estavam brigando. Espero que isto não seja um mau presságio...


Eu nem bem cheguei ao Grêmio e a Britânia veio me expulsar. Respondi que iria conversar com a minha namorada e ninguém ia me impedir. Ela parecia desesperada para me fazer dar meia-volta.
Sinceramente eu nem lembro das palavras que trocamos.


Só lembro da minha irritação com aquela sim. E das caras de raiva que ela fez para mim. Antes que eu saísse no tapa com a Britânia, preferi fingir ter desistido. Ela ainda ficou me olhando enfezada.


Quando deixei de falar e comecei a me dirigir para fora do terreno, ela acreditou e voltou para dentro da casa. Assim que ela entrou, eu dei a volta por trás da casa. Pulei o muro e entrei pelos fundos.


Cristal estava deitada no sofá, pensativa e com um ar abatido. Quando me aproximei ela se sentou. Mal me encarava.


Fiquei sem graça de me sentar ao lado dela para conversar. De pé mesmo, perguntei o que estava acontecendo. Primeiro me perguntou por que eu havia saído sem deixar nem ao menos um bilhete. Não entendi nada! O bilhete não estava lá?


Mas ela nem quis saber... Despejou todo o veneno da Rita: Porque eu não havia contado a ela sobre “os encontros” com a Rita; porque eu havia beijado a Rita quando já estávamos namorando... E pior, se nós já fizemos oba-oba, o que eu ainda queria com ela; fazê-la sofrer mais?


Fiquei desesperado! O veneno da Rita era tão potente que deixou minha luz insegura em relação aos meus sentimentos, e dilacerou sua confiança em mim! Eu sei que aprontei um bocado no passado, mas sempre fui sincero em relação aos meus sentimentos. Como ela podia desconfiar da minha sinceridade?


Por um momento, fiquei totalmente frustrado. Pensei em sair e não voltar nunca mais. Afinal, nós nos conhecíamos há quase de dois anos e nunca eu lhe dei motivos para desconfiar de mim! Mas alguma coisa no olhar de minha luz me fez acreditar que talvez eu tivesse alguma chance.


Eu estava apavorado com aquela situação, e acabei metendo os pés pelas mãos. Não conseguia ser claro o suficiente para ela me entender.


Então, como Acácia previu, me ajoelhei aos seus pés e derramei todo meu desespero. Minha luz disse que eu estava sendo ridículo e para parar com aquilo, mas não olhava para mim.


No desespero eu só conseguia falar o quanto a amava e precisava dela. Supliquei e implorei! Porém, Cristal estava irredutível e continuou a me ignorar.


Apelei e me abaixei para beijar seus pés. Neste momento ela teve uma reação: ”Tá maluco Forte! Não faça isso, é melhor parar com este dramalhão! Só quero é uma explicação coerente e neste momento não estou entendendo nada.”


Era hora de me retirar. Ela tinha razão, eu estava descontrolado. Minha vontade era de chorar convulsivamente. Sequei os olhos e sai dali. Sentei na sala de jantar e deixei meu desespero fluir solto. Como vou viver sem minha luz?

2 comentários:

  1. essa Rita é uma falsa!!! Eu tenho certeza de que foi ela que armou isso tudo só para separar o Forte da Cristal.

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    1. Acertou em cheio! A Rita não presta e nunca prestou, armou tudo... Mas ela tem o destino que merece.

      Um Forte abraço!

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