segunda-feira, 7 de março de 2011

Em Bela Vista

Chegamos a nossa casa em Bela Vista numa bela manhã de outono. E Cristal berrava desesperada. Eu não conseguia entender nada, então me aproximei. Ela continuava com os braços estendidos e dizendo repetidamente: “ele não está aqui!”


Foi quando olhei para o lado e reparei: nosso filho, que tem pouco mais de um ano não estava conosco. O Diamante sumiu!? Minha esposa continuava gritando apavorada. Eu olhava para todos os lados e não havia sinal algum dele.


Fiquei muito apreensivo, pois o pequeno mal sabe andar e falar... O que seria dele sozinho lá na Universidade? Sem ninguém para olhar por ele e sem comida, a esta altura ele já ia estar soltando a tal fumacinha verde, pois não tinha nem como usar o troninho!


Percebi minha luz muito nervosa, e me aproximei para tentar acalmá-la. Ela já estava começando a chorar e balbuciar palavras incompreensíveis. Eu só conseguia entender o nome do nosso pequeno saindo de seus lábios: “Diamante”.


Tudo que eu podia fazer era tentar consolá-la, mas até isto parecia uma missão impossível. Eu também estava quase à beira de lágrimas, não podia chorar naquele momento. Afinal quem iria consolar a Cristal?


Como estava sendo muito difícil honrar o meu nome, encostei minha cabeça em seu ombro. Buscando um pouco do seu calor para me dar forças, esperando nossa dor passar, tentando incutir segurança e confiança na minha esposa. Ela precisava se acalmar, eu queria procurar nosso filho e a ajuda dela ia ser muito importante para essa tarefa.


Quando minha luz já estava praticamente limpando as lágrimas... O bendito do jornaleiro veio ver o que estava acontecendo... Quase bati no cara de tanta raiva. Porém, eu agora tenho uma reputação a zelar na vizinhança. Então só me virei para pedir licença e privacidade.


Ele se fez de sonso... e disse não ter ouvido bem! Olhou para a Cristal e perguntou: “Tudo bem com você, Dona?” O moleque me ignorou completamente!


Irritado eu perguntei qual era a dele, não dava para perceber que estávamos muito nervosos, pois nosso filho havia sumido? Eu estava prestes a voar no pescoço do cara-de-pau!


Então ele berrou comigo: “Pô moço! Como eu ia saber, ouço uma mulher chorando e já penso no meu pai... Ele costumava bater na minha mãe! Não sabia do filho de vocês...”


Depois desta eu nem tinha palavras para responder. Nunca pensei que havia sim tão covarde e capaz de bater na própria esposa! O rapaz foi embora e eu ainda estava abalado com a maldade existente no mundo sim!


Como estaria o meu filho? Minha preocupação aumentou muito depois daquela declaração. Se um marido é capaz de bater na esposa, o que um sim do mal não faria com um bebê indefeso?


Dentro de casa eu e Cristal começamos a discutir uma estratégia para procurar nosso pequeno. Ela estava muito nervosa e não conseguia pensar com clareza. Sugeri ir à Universidade para procurar o pequeno por lá. Enquanto isso ela ficava em casa buscando alguma informação ligando para nossos amigos e conhecidos.


Ela não gostou muito da ideia... E perguntou porque eu não ficava em casa e ela ia procurar o pequeno? Respondi o óbvio: ela conhecia o dobro de pessoas e ainda podia fazer conferências pelo telefone, eu não. Minha esposa era uma sim muito popular na Universidade.


Por um instante ela ficou me olhando registrando a minha resposta. Cheguei a pensar em ouvir um não, mas a voz da razão falou mais alto. Logo ela pegou o telefone e começou a discar para um conhecido, a deixei envolvida com a tarefa e fui!


Nenhum comentário:

Postar um comentário